(LC 7, 36-50 )
Introdução
Uma mulher pecadora e um homem, divino; uma mulher prostituta e um homem íntegro; uma mulher humilde e um homem quase glorificado; uma mulher marcada e um homem marcante; uma mulher chorando e um homem com um lenço.
Uma mulher sofrendo e um homem sorrindo; uma mulher gritando e um homem cantando; uma mulher cansada de errar e um homem pronto a perdoar. Este é quadro do encontro narrado pelo evangelista no texto lido.
Em todos os evangelhos observamos e estudamos este relato da mulher que ungiu os pés de Jesus. Em Mt 26, 6-13; Mc 14, 3-9; Jo12, 1-8, poderemos testificar isto que acabara de falar. No texto que lemos, Lucas aborda de maneira brilhante e poética esta história, pois sua preocupação é também descrever esta história contada pelos outros evangelistas escritores.
Após saber que Jesus fora convidado para jantar na casa de um fariseu chamado Simão, uma mulher pecadora foi até o Mestre Jesus. A refeição descrita no texto era e podia ser acessada por todos que quisessem entrar. Não era apenas para os convidados, era exposta e aberta, pois as casas eram de fácil descoberta.
Realmente esta mulher tinha coragem, pois estava à procura de Jesus, e nesta oportunidade Ele estava na casa de um fariseu. Os fariseus poderiam permitir muitas pessoas na sua casa, mas não uma prostituta. Que coragem desta mulher, tudo isso para se encontrar com Jesus.
Na presença de Jesus...
1- Ela traz um vaso de alabastro.
O “vaso de alabastro com bálsamo” era possuído apenas pelas senhoras judias, que colocavam o vaso, isto é, um frasco de perfume em forma globular, pendurados no pescoço por uma corda. Estes óleos maravilhosos eram usados em apenas ocasiões especiais, tais como: jantar político, fastas da “corte” dos fariseus, para bodas enfim...
Para esta mulher pecadora aquele momento era mui especial, pois achara quem estava procurando, o seu Mestre, o nosso Mestre.
Seu intuito era ungir aos pés de Jesus, todavia, as emoções a dominaram, a envolveram, pois ela encontrou o seu porto seguro, a sua mansão de descanso, carinho e aconchego. Deparou-se com a resposta para o seu sofrimento, encontrou alguém a pudesse ouvir, e pudesse dizer a ela o que fazer aonde fazer e por que fazer. Deparou-se com alguém especial que pode entender a sua vida que também era especial.
Na presença de Jesus...
2- A mulher chorou diante Dele.
O choro representava a tristeza daquela mulher. Sofrida, amargurada, taxada pela sociedade de impura, indigna, insignificante, desprezível, uma marginalizada, uma indecente, uma pobre.
Com tantos fatores negativos, esta mulher ofereceu o que tinha de melhor. Uma prostituta ofereceu o que tinha de mais valoroso: a sua vida de forma quebrantada.
Na presença de Jesus...
3- A mulher enxugou os pés de Jesus com seus cabelos.
Na cultura de então, os cabelos grandes era a chave para o “sucesso” de uma prostituta, era a forma como agradava a seus clientes, a seus parceiros.
Não importando com o que tinha de ferramenta melhor para sua profissão, a mulher usa e dá para Jesus o seu bem: os seus longos cabelos.
Existem áreas, momentos, conquistas, coisas de nossas vidas que nós não queremos doar para Jesus, não queremos que ele mude, transforme, aprimore, molde, faça de novo, abençoe, em suma, o melhor que temos dificilmente queremos entregar. O nosso melhor nós guardamos como se fosse eterno, imortal, absoluto, um fim em si mesmo.
Na presença de Jesus...
4- Haverá sempre uma situação contra.
O fariseu estava querendo dizer que aquela mulher era pecadora, e Jesus não podia recebê-la, no entanto, Jesus descreve que todos podem ser amados e perdoados. Vejam que os fariseus só reconhecem pecados relacionados ao sexo, todavia, muitos pecados aquela mulher tinha e muitos poderemos também ter, mas o Senhor não tem classificação de pecados.
Quando Jesus chegou à casa de Simão, ele com nada o recebeu nem com o óleo mais barato que era o de cozinha, mas aquela mulher dera o seu melhor mesmo sendo pecadora, pobre e solitária. (Lc 7, 45-46).
Enfim...
Àquela mulher chorou, prostrou, enxugou, limpou, ungiu a Jesus porque o reconhecia como alguém que podia confiar a sua tristeza amargura e desilusão. Não sendo discípulo, o adorou com o seu melhor. Dedicou ao mestre o que só a ele é devido. Qual tem sido o seu melhor?
Diego Nunes de Araujo
08/2009